Um plano anti-crise decepcionante



Publicado em: O Gaiense, 21 de Março de 2009


O grande tema do momento é, por todo o mundo, a crise. E o que se debate são as ideias e os planos para a enfrentar.

Esta semana, esteve em Bruxelas o prémio Nobel da Economia de 2008 - Paul Krugman - para dar o seu parecer sobre a matéria. Na sala de imprensa da Comissão, cheia de jornalistas, e ao lado de um embaraçado Vice-presidente da Comissão, responsável pelas Empresas e Indústria, o reputado professor da Universidade de Princeton declarou que o plano anti-crise europeu é verdadeiramente decepcionante (really is disapointing, nas suas palavras). E explicou porquê.

O plano Obama, com 800 mil milhões de dólares para cerca de três anos, não está à altura da magnitude dos problemas do país, que exigiriam 1,2 ou 1,3 biliões. Dará para resolver, segundo Krugman, um terço dos problemas que a crise provoca nos EUA, podendo levar o país a afundar-se num processo deflacionário.

Fazendo a proporção dos respectivos PIB, afirmou que os planos da UE e dos países europeus todos juntos não chegam a metade do valor do dos americanos. Não será, por maioria de razão, uma solução capaz e os problemas da Europa só se poderão agravar se forem enfrentados com hesitações e com uma resposta fraca.

Para além das opiniões de reputados economistas, outras das vozes que se têm feito ouvir com enorme ressonância em largos sectores da opinião pública europeia são as de alguns elementos mais lúcidos da igreja, que clamam pela absoluta necessidade de que a crise proporcione um repensar profundo do modelo capitalista e a opção por uma mudança de paradigma económico e social, colocando a solidariedade e o interesse público no centro de gravidade das decisões políticas, espaço que nos últimos anos tem sido ocupado pela competição, pelo individualismo e pela sacralização do lucro privado.

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