Publicado em: O Gaiense, 11 de Abril de 2009
A declaração de apoio oficial do PS à prevista recandidatura de Durão Barroso à presidência da Comissão Europeia, enunciada esta semana por José Sócrates, tem consequências mais profundas e problemáticas do que à primeira vista pode parecer. Até porque o CDS não hesitará em juntar a sua voz a este coro.
Não é que este apoio seja novidade, já que esta versão “patriótica” do bloco central para uso externo tem sido uma constante da política portuguesa, mesmo quando o bloco central não está operativo no âmbito governamental interno.
Quando os portugueses são chamados a eleger o Parlamento nacional, fazem escolhas que têm consequências que todas as pessoas entendem: da distribuição das forças parlamentares resultará uma política, um governo, um primeiro-ministro.
Mas, agora que são chamados a eleger o Parlamento Europeu, a mensagem que lhes é transmitida é que, qualquer que seja a sua opção entre PS, PSD ou CDS, o resultado será o mesmo no que respeita à presidência da Comissão e à sua política.
Depois de terem neutralizado a força do voto popular na decisão sobre o Tratado de Lisboa, acabam agora de afirmar que os votos não terão também qualquer influência na escolha do chefe do executivo, a face mais visível da política europeia.
A democracia da UE continua refém de forças que se protegem cada vez mais da incerteza do voto directo do povo. É por isso que a abstenção cresce de eleição em eleição. Não é com campanhas publicitárias, como a que está agora na rua, que se pode resolver o problema, mas sim fazendo o povo sentir que é o seu voto que decide sobre as políticas e os políticos que dirigem a União.
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