Strasbourg, 4 de Abril de 2009 – comemoração dos 60 anos da NATO
Fotos de Renato Soeiro e Nora Circosta
(material copyleft - pode ser usado livremente, mencionando a fonte)
Strasbourg foi transformado pela NATO e pelas autoridades francesas e alemãs num verdadeiro cenário de guerra. O que não se estranha, já que a guerra é a cultura natural da NATO.
O impressionante dispositivo de forças militares e policiais que, por ar, rio e terra, sequestraram a cidade, actuou à margem da lei e dos acordos realizados antes entre as autoridades locais e os organizadores da manifestação, acordos esses já em si extremamente limitativos da liberdade de expressão cidadã: a manifestação tinha sido cnfinada e relegada para uma zona periférica da cidade. Mas nem isso foi respeitado.
Em todas as direcções, os acessos que conduziam à zona de concentração dos manifestantes foram cortados. As ruas foram bloqueadas com enorme aparato bélico e verdadeiras muralhas de aço.
Pontes foram bloqueadas, nomeadamente a ponte da Europa, sobre o rio Reno, por onde chegariam os milhares de manifestantes vindos da Alemanha. A manifestação estava autorizada, mas os manifestantes não foram autorizados a passar. Esta ponte, simbolicamente construída e baptizada como um traço de união entre os antigos Estados beligerantes, deixou de ligar os dois países, passou a simbolizar o seu contrário. Não adiantava o argumento de que a manifestação estava autorizada. A ordem era de todos teriam de se submeter às novas instruções que estavam agora a ser dadas. Porém, a submissão não é a cultura dominante deste lado da barricada. Rompido o acordo pelo lado das forças da ordem, era difícil esperar que fosse mantido do outro lado. E os resultados que se podem ver abaixo mostram bem como a arrogância das forças repressivas se pode combinar com a incompetência e inoperância.
Tentou-se a "pax christi", mas a coisa não foi fácil...
Retidos em enormes grupos, durante várias horas, em diferentes pontos da periferia da cidade, impedidos mesmo de regressar ao centro no fim da manifestação, os manifestantes foram depois autorizados a passar um a um, apresentando a sua identificação, obrigados a deixar as suas bandeiras e informados de que na cidade não estavam autorizados os gritos de slogans.
Apesar de tudo, realizou-se a manifestação possível. Ninguém se arrependeu de ter vindo a Strasbourg afirmar que a construção de um mundo de paz é possível, mas que nesse mundo a NATO não tem lugar.
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