Na semana das duas cimeiras
Publicado em: O Gaiense, 4 de Abril 2009
Esta foi uma semana que ficará para a história. Duas cimeiras reuniram, ao mais alto nível, os líderes mundiais, no meio da maior crise que as gerações actuais alguma vez conheceram. Primeiro, reuniram os representantes das vinte maiores economias do mundo, em Londres no G20 e, logo a seguir, alguns deles rumaram para a fronteira franco-germânica, para se juntarem aos seus aliados na cimeira dos 60 anos da NATO.
Não seria despropositado pensar os dois temas em conjunto. Os biliões que a primeira cimeira reconhece serem necessários para dar o estímulo às economias, de modo a evitar uma mais profunda recessão global, não poderiam ser facilmente disponibilizados se houvesse a coragem e o bom-senso de cortar as despesas militares que a segunda cimeira insiste em manter e aumentar?
E se os investimentos nos imensos arsenais de destruição e nas catastróficas operações militares dos últimos anos tivessem sido utilizados na renovação do tecido económico, na investigação e ensino, na prestação e alargamento dos serviços públicos essenciais, no reforço do apoio social, estaríamos hoje na crise em que estamos?
Todos repetem que uma crise é sempre uma oportunidade de mudança. É verdade. E uma das mudanças que a humanidade mais precisa é de libertar-se de vez da ruinosa indústria da guerra. Quando, país a país, for havendo a lucidez de recusar votar a dotação de orçamentos milionários para fins militares, aí estará a fazer-se uma verdadeira mudança. Talvez não resolva tudo, mas é um gigantesco passo em frente.
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